CINECLUBE CINERGIAHHH!
Amigos,
o Cineclube Cinergia retoma suas atividades neste 2012 e exibe no próximo bimestre, em parceria com o Ateliê Casarão, filmes da contracultura nacional, anos 70. Na estreia - dia 13 de março, terça-feira próxima, a partir das 19h30 -, a exibição do longa "BANG BANG" (1970), de Andrea Tonacci, clássico do Cinema Marginal Brasileiro. O Ciclo agrupa filmes que têm em comum marcos das produções daquela época: gritos insólitos, a carnavalização explícita da vida cotidiana e o desbunde.
O Cinema Brasileiro pós-golpe militar, especialmente o produzido nos anos 1970, década que, para o multiartista Jards Macalé "começou em 1968, com a assinatura do AI-5", inaugura novas técnicas de comunicação audiovisuais. Essas técnicas, (re)colhidas pelo grande crítico de cinema Ismail Xavier em suas "Alegorias do Subdesenvolvimento" e exercitadas sob o nome-código CONTRACULTURA, retrabalharam temas centrais de uma sociedade patriarcalista e castradora utilizando-se, para isso, de uma enormidade de símbolos e recortes, subvertendo valores, regras e convenções. Esses filmes formam o vertiginoso quebra cabeças do cinema underground nacional – ou “udigrudi”, como o chamaria pejorativamente Glauber Rocha, que também será exibido (veja programação completa em www.lesovideofilmes.blogspot.com). Caracterizados ora pelos seus hermetismos, ora por sua solidão dadá, sempre serão filmes de resistência.
Trecho do artigo "Bang Bang na Mira" (por Rodrigo Tangerino):
"Àquela altura, o campo artístico já estava entregue à subversão e à negação plena do discurso burguês. O regime militar continuava cimentando as brechas restantes e se confundia ao tentar destruir um sistema de arte que fugia de seu controle e inspeção. Nessa luta, uma séria de artistas revisitaram os grandes saltos estético-teóricos dos anos sessenta e assumiram finalmente uma postura antropofágica e mais internacionalista de suas produções. Tais projetos, marcados pelo seu distanciamento do discurso político, dá-se lugar ao desbunde explícito e à transgressão dos valores, e regras estabelecidas. Equilibrado neste eixo, Bang Bang (1970), primeiro longa de Andrea Tonacci, vem com uma proposta mestiça de deboche e rigor estético, um verdadeiro pastiche da tradição."
Além dos curtas que abrem as sessões, das tv's e dos debates, a partir desta edição o Cinergia revive o legado do Grupo CIM - Campinas Imagem em Movimento que promoveu, no triênio 2002/03/04, atividades audiovisuais na cidade de Campinas: dos grupos de estudos e ações cineclubistas à produção de vídeos e mostras, com o apoio do MIS - Museu da Imagem e do Som de Campinas, espaço público dinamizado pelo grupo. Os "Cadernos do CIM", com textos explicativos dos filmes, são uma prova da organização intelectual do coletivo e funcionavam como um apêndice colaborativo aos espectadores das sessões. O artigo "Bang Bang na Mira", publicado originalmente nos "Cadernos" do Ciclo de Cinema Marginal (2003), complementará a compreensão e a discussão do filme.
Trecho do artigo "O Grupo CIM - Campinas Imagem em movimento no triênio 2002/03/04" (disponível na íntegra em www.zinezinho.blogspot.com nesta sexta-feira)
"A primeira vez que se houve falar do Grupo CIM - Campinas Imagem em Movimento, pelo menos fora de seu núcleo inicial, já formado em 2002, foi no encontro-seminário “O Cinema Possível”, um dos kinomeets realizados no auditório do Instituto Agronômico de Campinas, na Rua Barão de Jaguara. Era o tipo de encontro no qual se podiam ver reunidos alguns realizadores de Campinas e seus grupos: o cineoitista Lucas Vega, o homem por traz do Festival de Cinema Super8 de Campinas; o pessoal daZangá Filmes, Janaína Damasceno e Vítor Epifânio que, na época, ao lado de Rodrigo Braga, integrante desde então do Grupo Identidade de Luta Pela Diversidade Sexual de Campinas, finalizou dois curtas importantes para o Grupo: "Sacô?", VHS marco-zero da LesoVídeoFilmes e "Manequim", de Paulo Rodrigues e Afonso Machado; Kid, videasta ligado ao Estúdio Nômade de body art e a seminal Brócolis VHS, nas personas de Marina Meloni e Leandro Vieira. Não demorou muito para as aproximações curiosas, geradoras das primeiras forças, aglutinadas sob o grupo, já pronto para atuar"
Ainda estão na programação: "Copacabana Mon Amour", de Rogério Sganzerla, "A Lira do Delírio", de Walter Lima Jr. e "Câncer", de Glauber Rocha.
Então:
O QUÊ? - CINECLUBE CINERGIAHHH! exibe produções do CONTRACINEMA
QUANDO? - Dia 13 de março, terça-feira, a partir das 19h30
ONDE? - Ateliê Casarão - Rua Dr. Almeira, 265 - Centro, Jundiaí/SP - www.ateliecasarao.blogspot.com
QUANTO? - Gratuito!
FILME? - "Bang Bang" (Dir: Andrea Tonacci - PB - 90' - 1970 - Brasil)
Sinopse: Um homem neurastênico se vê envolvido em várias situações: um romance com uma bailarina espanhola, perseguições, discussões com um motorista de táxi e o enfrentamento com um bizarro trio de bandidos - ou uma família subvertida. "Bang Bang" é uma comédia surrealista, com uma seqüência de episódios que não compõem uma única história. O filme foi convidado a participar da prestigiada Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes.
dia 13 de marçoPrograma completo (todas as sessões gratuitas, sempre no Ateliê Casarão, às 19h30, terças-feiras)
BANG BANG (DIREÇÃO: ANDREA TONACCI - 1970 - 93')
Sinopse: Homem neurastênico que, durante a realização de um filme, se vê envolvido em várias situações como o romance com uma bailarina espanhola, perseguições, discussões com um motorista de táxi e o enfrentamento com um bizarro trio de bandidos.
dia 27 de março
COPACABANA MON AMOUR (DIREÇÃO: ROGÉRIO SGANZERLA - 1970 - 95')
Sinopse: Sônia Silk circula por Copacabana, no Rio de Janeiro, com o grande sonho de ser cantora da Rádio Nacional. Ela é irmã de Vidimar, empregado apaixonado pelo patrão, o Dr. Grilo. Sônia Silk vê espíritos baixarem em seres e objetos e procura o pai-de-santo, Joãozinho da Goméia para livrá-la desta aflição.
dia 10 de abril
A LIRA DO DELÍRIO (DIREÇÃO: WALTER LIMA JUNIOR - 1978 - 105')
Sinopse: Dois momentos na vida de um grupo de personagens cariocas. No bloco carnavalesco “A Lira do Delírio”, eles vivem o êxtase e a violência. Fora do carnaval, cruzam-se num cabaré da Lapa. Ness Elliot, dançarina e taxi-girl, tem o seu bebê seqüestrado e cai nas malhas de Claudio, misto de malandro e homem de negócios. O repórter de polícia Pereio faz tudo para ajudá-la enquanto também investiga o atentado a fogo contra o homossexual Toni.
dia 24 de abril
"CÂNCER" (DIREÇÃO: GLAUBER ROCHA - 1968/72 - 86')
Sinopse: Nenhuma história particular, somente três personagens, em 27 planos longos, improvisando situações cujo tema é a violência psicológica, sexual e racial. No comando a improvisação total.
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