CINECLUBE CINERGIA NEGRO: O CINEMA DE VOLTA AO CLUBE 28 DE SETEMBRO


O espaço (do Clube 28 de Setembro) onde estão operando as atividades é muito importante historicamente. O mais interessante é ver que as ações que acontecem no lugar fazem a memória manter-se viva. O reconhecimento institucional por parte do governo federal e o apoio para manter estes espaços, são bandeiras legítimas. Sucesso para o diálogo."
(Guilherme Botelho, diretor do documentário "Nos Tempos da São Bento")

Em sua segunda fase, o Cineclube Cineria migra do Museu da Energia de Jundiaí para o Clube 28 de Setembro, espaço central do Movimento Negro da cidade. Depois da primeira temporada com o tema CONSUMO, o projeto exibibe agora filmes sobre negritude, num mês tão simbólico para a reflexão da trajetória dos negros no Brasil e seus desdobramentos atuais.

Nos três dias de programação, serão exibidos filmes curtos e longos de diversos períodos e realizadores, sempe com olhares que partem da "identidade" e da "resistência" culturais, nuances fundamentais para a "arte social" que representa a cultura negra. O Cinergia Negro, portanto, está em casa e aproveita para complementar as atividades do Ponto de Cultura, esperando para as sessões tanto um público espontâneo diversificado quanto seus alunos das oficinas, na intensão de integrá-los e complementá-las, dinamizando ainda mais o espaço.

A abertura acontece na terça-feira (24 de maio, 19h), com a exibição de um filme que, apesar de novo, já é um clássico: o documentário "Nos Tempos da São Bento", de Guilherme Botelho, o Dj Guinho. O filme teve uma superestreia em 2010, na Galeria Olido, templo antropofágico de São Paulo. Na ocasião, o movimento Hip Hop ganhou um filme-testamento, que também pode ser pensado como a explosão videográfica de uma época onde, de uma vez por todas, o realizador é também o sujeito daquilo que narra, o que eleva o clima da produção à uma contundência e importância ainda maiores.

Na quarta-feira (dia 25 de maio, 19h), exibiremos "Pastinha: Uma História pela Capoeira", de Antônio Carlos Muricy (1998 - 52' - documentário), que narra a trajetória de um dos mais importantes capoeiristas do mundo. Resultado de 5 anos de trabalho, esse filme constitui uma oportunidade rara em conhecer os fundamentos e a história da legendária Capoeira de Angola e seu mestre maior. O documentário, filmado no Rio de Janeiro, em Salvador e Nova York, é ainda ilustrado por fotos de David Zingg e Pierre Verger e desenhos do próprio Mestre Pastinha.

Na quinta-feira (dia 26 de maio, 19h), o ciclo se encerra com "Sweet Sweetback's Bad Asssssssssss Song", de Melvin Van Peebles (1971 - 90' - ficção), filme precursor do movimento BLAXPLOITATION, que, em linhas gerais, pregava um cinema feito por negros para negros, na intensão de "explorar" ou problematizar as nuances que envolvem o negro americano da época e as refletem até os dias de hoje. É um produto que reflete a época em que foi feito, no auge do movimento Black Panters.

Em todas as sessões ainda serão exibidos curtas metragens, numa miniretrospectiva dos trabalhos de Zózimo Bulbul e Ari Cândido, dois grandes cineastas negros do Brasil e com olhares bastante particulares entre si. (veja programa completo abaixo)

Esperamos todos para mais essa superatividade, lembrando que todos os filmes - exceto os de Zózimo Bulbul, que já vem sendo exibido na cidade -, são inéditos em Jundiaí.

Grande abraço e axé!

Informações: Rodrigo Tangerino - (11) 7175.8161

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Primeira Sessão - Dia 24 de maio - terça-feira - 19h

Curtas: 

O RITO DE ISMAEL IVO - Direção: Ari Cândido (documentário - 2003 - 12')
A vida do bailarino negro Ismael Ivo, suas performances, depoimentos sobre a dança e as dificuldades sociais enfrentadas para superar obstáculos e atingir uma posição satisfatória na profissão. Vindo de uma família pobre da periferia de São Paulo (SP), Ismael deixa o Brasil no início da década de 80 e torna-se famoso e consagrado artista no exterior.

SAMBA NO TREM - Direção e Roteiro: Zózimo Bulbul (documentário - 2005 - 18')
Documento sobre a celebração do Dia Nacional do Samba.

Longa: 

NOS TEMPOS DA SÃO BENTO - Direção: Guilherme Botelho (documentário - 2010 - 90')
Rodado entre os anos de 2007 a 2010, Nos Tempos da São Bento é um documentário que busca a memória coletiva do hip-hop. Um dos intuitos é resgatar a memória daqueles que fizeram a História do Hip-Hop, ocupando por vários anos o espaço do Metrô São Bento, no centro da cidade de São Paulo. Minuciosa, a estrutura discursiva nos leva ao conflito com o esquecimento; o ato social de se apagar fatos, pessoas e grupos da história. É justamente este conflito, apresentado através do exercício da narrativa, que se transforma em ação dramática, onde a personagem principal é a memória coletiva.

Segunda Sessão - Dia 25 de maio - quarta-feira - 19h

Curtas: 

PEQUENA ÁFRICA - Direção: Zózimo Bulbul (documentário - 2002 - 14')
Locais habitados por escravos alforriados no período imperial, revela o cotidiano hoje da Praça XV, Central do Brasil, Gamboa, Saúde e Santo Cristo.

O MULEQUE - Direção: Ari Cândido (ficção - 2003 - 13')
Garoto pobre e negro, filho da melhor lavadeira da região, tem como único amigo de pescaria, Pedrinho. No entanto uma coisa o aborrece profundamente.

Longa: 

PASTINHA: UMA VIDA PELA CAPOEIRA - Dir.: Antônio Carlos Muricy (doc - 1998 - 52')
Primeiro filme/documentário sobre capoeira lançado após a retomada do Cinema Nacional, conta a vida do maior mestre da capoeira angola, seu Guardião e Poeta - Vicente Ferreira Pastinha, o mestre Pastinha. Conta com depoimentos dele, de sua companheira D. Maria Romélia, dos maiores mestres da capoeira angola, bem como o depoimento do mestre Dr. Ângelo Decânio, o mais antigo discípulo de mestre Bimba.

Terceira Sessão - ADULTA - Dia 26 de maio - quinta-feira - 20h

Curtas:

MARTINHO DA VILA, PARIS 77 - Direção: Ari Cândido - (documentário - 1977 - 10')
O filme é um depoimento do cantor, bem extrovertido, com amigos, pelos bairros e bares parisienses. Neste ano o cantor fazia sucesso em Paris.

ALMA NO OLHO - Direção: Zózimo Bulbul (experimental - 1973 - 6')
Etnoficção que traça a trajetória de um povo no novo mundo.

Longa: 

SWEET SWEETBACK´S BAD ASSSS SONG - Dir.: Melvin Van Pebles - (ficção - 1971 - 97')
Melvin Van Peebles é um jovem desejado pelas mulheres e temido pelos inimigos. Grande clássico do movimento BLAXPLOITATION, o filme, com sua linguagem funkada e incômoda, colocou Van Peebles entre as lendas do cinema independente americano.

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